domingo, 24 de novembro de 2019

Macrodrenagem da Bacia do Una é notícia

Um ano após a audiência pública de 17 de dezembro de 2018, a situação ainda é a mesma


Na última quinta feira, dia 21 de novembro de 2019, a TV Liberal transmitiu uma reportagem sobre alagamentos, inundações e deficiências na infraestrutura urbana no Bairro do Barreiro, em áreas próximas ao Canal São Joaquim. A matéria parece ter sido motivada pelo fato de que,  em 2019, o ciclo de alagamentos e inundações em Belém começou mais cedo do que de costume. Surpreendeu, no entanto, que a emissora tenha relacionado os problemas no bairro e no canal a omissões e pendências deixados pelas obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, ocorridas entre 1993 e 2004.

Os moradores entrevistados pela emissora estavam conscientes de que os alagamentos e o abandono de ruas e passagens estão relacionados à falta de manutenção nas obras, bem como à falta de continuidade de obras complementares ao projeto após declarada a sua conclusão. Isso mostra como a mobilização de movimentos como a Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una tem surtido efeito sobre outros moradores também prejudicados, os quais passam a politizar a discussão acerca das inundações urbanas em Belém e responsabilizar o poder público municipal e estadual quanto à falta de manutenção dos sistemas de drenagem (micro e macro), de vias e de esgotamento sanitário na Bacia do Una.

A reportagem também deu destaque às instituições que compõem o quadro conflituoso na Bacia do Una. O Ministério Público Estadual, representado pelo promotor Raimundo Moraes, admitiu que o trabalho da prefeitura na Bacia do Una está aquém do esperado. A Prefeitura Municipal - junto com o Governo do Estado  e a CONSANPA - respondem a uma Ação Civil Pública Ambiental pela obrigação de fazer a manutenção e conservação das obras da Macrodrenagem da Bacia do Una. O promotor declarou que estuda a possibilidade de aplicação de multa à prefeitura pelo não cumprimento de determinação judicial. A minuta do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a prefeitura sugere que a multa, nesse caso, seja convertida para um fundo municipal de meio ambiente, sobre o qual pouco se sabe em termos de gestão e controle dos recursos.

Os recursos que deveriam estar sendo aplicados na Bacia do Una - na base de 90 milhões de reais - são provenientes de outro projeto, o PROMABEN (Programa de Macrodrenagem da Bacia da Estrada Nova), devendo ser realocados na Bacia do Una com anuência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), órgão financiador dos dois projetos de macrodrenagem. Luciana Vasconcelos, coordenadora do PROMABEN, declarou que a prefeitura está em fase de cumprimento dos condicionantes do BID para liberação do recurso. A previsão de aplicação do recurso está prevista  para o segundo semestre de 2020.

A reportagem não fez menção à quantidade de terra acumulada nas margens do Canal São Joaquim, indicativo de obras sendo realizadas no local. A informação é de que um vereador está patrocinando o alargamento da via marginal do canal sobre uma área que é usada para acumular lixo. Trata-se, entretanto, se uma ação pontual para resolução de um problema sistêmico, isto é, o do manejo dos resíduos sólidos em Belém. Além disso, as obras avançam sobre o talude do canal, o que é prejudicial para a drenagem, pois o São Joaquim já tem suas dimensões bastante reduzidas pela presença de mato e assoreamento.






Quase um ano após a audiência pública ocorrida em 17 de dezembro de 2018 - quando a prefeitura foi cobrada por ações emergenciais e pelo cumprimento da obrigação de fazer a "reabilitação" das obras do Projeto Una - a situação  continua a mesma. Assim como os anos anteriores, 2019 foi um ano de prejuízos materiais, morais e de danos à saúde para a população da Bacia do Una que sofre com inundações por transbordamento dos canais de macrodrenagem. Essas violações de direitos humanos têm ocorrido, indiretamente, com a conivência das instituições democráticas de defesa desses direitos.


Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una (FMPBU).

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Saneamento Básico e Cidadania: FMPBU se reúne com moradores, CONGEB/Una e CEB'S


Registro da Reunião de Debate: Saneamento Básico e Cidadania na Bacia do Una, promovida pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEB'S) Arquidiocesana de Belém em parceria com o Programa de Apoio à Reforma Urbana da Universidade Federal do Pará (PARU/UFPA).



                A reunião foi realizada nesta segunda-feira dia 07 de janeiro de 2019, às 19 horas no Salão da Comunidade Católica São Pio X, localizada na Travessa 9 de Janeiro nº 153, entre a Rua Diogo Móia e a Avenida Marquês de Herval, no bairro do Umarizal, sub-bacia I do Projeto Una. Tratou-se de uma atividade de formação sociopolítica com moradores de áreas próximas à comunidade que são atingidas por inundações e alagamentos, assim como pendências do Projeto Una, tais como as imediações dos canais Antônia Nunes, Antônio Baena, Três de Maio, Galo e Visconde de Inhaúma, áreas que compreendem as sub-bacias I e II do referido projeto.




                A reunião demonstrou, na prática, a cidadania por meio das diversas formas de participação popular e ação política na Bacia do Una. Além de moradores interessados na discussão, membros do Conselho Gestor da Nova Bacia do Una (CONGEB/Una) estiveram presentes, assim como representantes da academia, ativistas político e membros das CEB'S. A divulgação do evento também alcançou representantes bairro do Barreiro (sub-bacia IV do Projeto Una) e da Vila da Barca, um território que integra a área geográfica da Bacia do Una, mas que teve um projeto habitacional e de urbanização próprio iniciado em 2003 e com conclusão ainda pendente. A presença desses atores foi considerada um saldo positivo para o encontro, já que o objetivo da reunião era engajar um maior número de pessoas na  discussão sobre a problemática dos alagamentos e inundações na Bacia do Una após a "conclusão" do Projeto de Macrodrenagem.




                Entre os presentes, houve consenso de que o Projeto Una trouxe melhorias para a área, mas seus benefícios foram limitados. Assim, ainda é necessário avançar em pelo menos quatro frentes: 1) Cobrança da prefeitura por ações emergenciais para evitar os alagamentos e inundações por transbordamento dos canais que continuam a ocorrer mesmo após a "conclusão" do projeto; 2) Fiscalização, cobrança e discussão sobre a chamada "reabilitação" do conjunto de obras do Projeto Una, que está em fase de preparação e estudos, tendo como previsão para o início das obras físicas o ano de 2020 pela prefeitura com um recurso de 90 milhões de reais obtido junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); 3) Inclusão de áreas desassistidas pelo Projeto Una logradouros com pendências de microdrenagem, bolsões de alagamento, pendências do Programa Aterro de Quintais, canais de madrodrenagem que não receberam a intervenção da obra no escopo de obras de reabilitação da Bacia do Una com recursos do BID ou da Prefeitura Municipal de Belém. É necessário, ainda, garantir que essas ações sejam contínuas e que a manutenção e conservação de obras como as do Projeto Una façam parte da cultura administrativa do poder executivo municipal e estadual.

               Para o planejamento das ações subseqüentes, uma reunião de planejamento foi pré-agendada para o dia 13 de janeiro de 2019.