quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A violação dos direitos humanos na Bacia do Una, um conflito permanente na cidade de Belém

Por Alexandre Costa

Membro da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una - FMPBU



Inundação causada pelo transbordamento do Canal do Galo no Bairro da Pedreira.
Fonte: Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una. 2013.




             Que violação é esta? Trata-se da violação dos direitos humanos ao saneamento básico e ambiental, ao ir e vir, à moradia digna, à saúde pública e, no mínimo, à própria dignidade humana.

                Esta situação atinge a população de 20 bairros, sendo 4 de forma parcial: Marco, Nazaré, São Brás e Umarizal e 16 de forma integral: Barreiro, Benguí, Cabanagem, Castanheira, Fátima, Manguerão, Maracangalha, Marambaia, Miramar, Parque Verde, Pedreira, Sacramenta, Souza, Telégrafo, Una e Val-de-Cans, área geográfica que equivale a 60% do sítio urbano da capital paraense, vive uma situação calamitosa causadora de sofrimento, transtornos, prejuízos materiais e danos de ordem moral, em decorrência dos constantes alagamentos e inundações.

        Enquanto isso, No Judiciário Paraense tramita o Processo de número 0014371-32.2008.814.0301, relativo à Ação Civil Pública Ambiental, ajuizada pela terceira Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado do Pará - MPE, na qual a Prefeitura Municipal de Belém - PMB, a Companhia de Saneamento do Pará - COSANPA e o próprio Estado do Pará, respondem desde o dia 16 de abril de 2008 na segunda Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, pela "Obrigado de Fazer" a execução das inúmeras obras complementares de microdrenagem que ficaram pendentes bem como, a conservação e a manutenção periódica do conjunto de obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, que é agrupado em três grandes sistemas: Saneamento, Viário e Macrodrenagem (17 canais, 6 galerias e 2 comportas), com a utilização dos equipamentos, maquinários e veículos, que foram repassados no dia 02 de janeiro de 2005 pelo Estado do Pará através da COSANPA, ao acervo físico patrimonial do município de Belém, para a única e tão-somente conservação e manutenção técnica do conjunto de obras do referido Projeto de Macrodrenagem. Os quais, simplesmente desapareceram sem que ninguém tome providências.

                Tal manutenção e conservação técnica, estão previstas nos seguintes manuais:


1) Manual de Operação e Manutenção do Sistema de Esgoto Sanitário e Água Potável da Bacia do Una, agosto de 2001;

2) Manual de Operação e Manutenção de Drenagem, Vias e Obras de Arte Especiais da Bacia do Una - Volumes I e II, maio de 2002 e 

3) Manual de Operação e Manutenção das Comportas do Una e Jacaré, maio de 2002.

               


                Valendo ressaltar que o uso inadequado, o desvio e o paradeiro dado aos equipamentos, maquinários e veículos, na gestão do ex-Prefeito Duciomar Gomes da Costa, resultaram no ano de 2013, em objeto de investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, instalada na Câmara Municipal de Belém - CMB.

                Que a exemplo da Ação Civil Pública Ambiental, ajuizada pela terceira Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado do Pará - MPE, também seguiu sem nenhuma perspectiva de algum resultado favorável em benefício de significativa parcela da população de Belém.

                Outro absurdo é o silêncio e a falta de posicionamento por parte da Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais, Fundamentais, Defesa do Patrimônio Público e Moralidade Administrativa do Ministério Público do Estado do Pará - MPE, que desde o ano de 2007 recebeu inúmeras denúncias que apontam indícios de improbidade administrativa por parte da Prefeitura Municipal de Belém - PMB, acerca dos equipamentos, maquinários e veículos, avaliados em R$ 21.977.619,75 que foram adquiridos com os recursos do empréstimo do Estado do Pará junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID (capital estrangeiro), durante a fase de execução do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, que durou de 1980 a 2005, 25 anos.

                Até o presente momento, tal Promotoria não tomou nenhuma mediada cautelar ou ações efetivas, permitindo assim, que a situação se arraste como sendo de menor importância.

                Pessoas estão perdendo a esperança de encontrar soluções ao sofrerem prejuízos materiais e danos de ordem moral, tendo suas casas invadidas pelas águas impuras e seus bens imersos na lama fétida que essas águas consigo trazem e acima de tudo, compulsoriamente sendo infectadas por vírus, bactérias e protozoários causadores de inúmeras doenças.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Documentos essenciais sobre a Bacia do Una


Empoderamento popular também significa acesso a informações que possam orientar as discussões com especialistas, a luta política por saneamento e as tomadas de decisão sobre os destinos individuais e coletivos por parte dos cidadãos da Bacia do Una.

Por esta razão, disponibilizamos online uma lista de documentos essenciais sobre a causa da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una.

Esta lista de documentos também integra os anexos da Tese de Doutoramento em Antropologia Social de Pedro Paulo de Miranda Araújo Soares. O referido trabalho foi defendido recentemente no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Os documentos e os links seguem na ordem:

1. Ata de Audiência Extrajudicial do Ministério Público - PA (Promotoria de Defesa do Meio Ambiente) com o Estado, a Prefeitura Municipal e a COSANPA;

https://www.sendspace.com/file/y4a5dv


2. Ata de Reunião com a 1a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente;

https://www.sendspace.com/file/c0i5w8

3. Ata de Reunião para Transferência de equipamentos, maquinários e veículos do Estado para a Prefeitura para a manutenção do conjunto de obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una;

https://www.sendspace.com/file/w3ai1u

4. Reportagem do Diário do Pará de 31 de setembro de 2011 - Canais estariam sem manutenção há 3 anos;

https://www.sendspace.com/file/oza0bi

5. Diário Oficial do Município de dezembro de 2014 - Resultados da CPI dos Maquinários na Bacia do Una;

https://www.sendspace.com/file/qmxesh

6. Programa de Inclusão Socioambiental - Governo do Estado do Pará;

https://www.sendspace.com/file/shcsdg

7. Relatório de Informações Gerais sobre o Projeto Una - Governo do Estado do Pará;

https://www.sendspace.com/file/dg7lbt

8. Relatório Final da Comissão Temporária Externa da ALEPA (Assembléia Legislativa do Estado do Pará) formada para investigar as denúncias de irregularidades e omissões no Projeto Una;

https://www.sendspace.com/file/kxnk5e

9. Sugestões de encaminhamentos para os trabalhos da Comissão Temporária Externa da ALEPA - Documento redigido por cidadãos da Bacia do Una.

https://www.sendspace.com/file/4j35a4




Boa leitura!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Convite para reunião na OAB/PA dia 28 de junho

Nesta terça-feira dia 28 de junho será realizada uma reunião com o objetivo de efetivar o envolvimento da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/PA, de modo a fortalecer o enfretamento da luta de significativa parcela da população da grande Belém vitima de prejuízos materiais e danos de ordem moral ocasionados por constantes alagamentos e inundações.
Convidamos a população de Belém a participar da reunião do Conselho da referida Ordem, na qual será apresentada a problemática das obras não concluídas e/ou sem a devida conservação e manutenção técnica dos vários Projetos de Macrodrenagem das Bacias Hidrográficas do sítio urbano de Belém e Região Metropolitana.
Data: 28 de junho de 2016 (terça-feira)
Horário: 15 horas
Local: Plenário da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/PA
Travessa Padre Prudêncio nº 93, Praça Barão do Rio Branco, esquina da Rua Gama Abreu (Largo da Trindade) no bairro da Campina

Comitê Popular Urbano – CPU

Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una – FMPBU

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB/PA

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Resumo das manchetes do dia 27 de maio

Abaixo, algumas manchetes de primeira página nos principais jornais da capital sobre os alagamentos e inundações nos dias 26 e 27 de maio. No miolo dos jornais, a cobertura foi genérica e sem detalhes. O Liberal e o Amazônia Jornal, por pertenceram ao mesmo grupo, repetiram o mesmo texto. O Diário do Pará ainda procurou sensibilizar seus leitores com imagens de pessoas prejudicadas pela invasão das águas em suas residências. A abordagem do Diário foi bem diferente daquela do O Liberal que se limitou a enquadrar ruas alagadas, veículos da classe média submersos e a mostrar, em tom jocoso, um grupo de jovens tomando banho em águas contaminadas.

A mídia impressa limitou-se à descrição dos eventos ocorridos, sem mencionar a falta de manutenção que não ocorre nos canais da Bacia do Una desde 2005 e a existência de uma Ação Civil Pública ambiental que obriga a Prefeitura Municipal e o Estado a dar manutenção ao conjunto de obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una. No geral, os acontecimentos da cena política nacional se sobrepuseram à tragédia silenciosa ocorrida nas áreas mais baixas de Belém.


Amazônia Jornal, 27 de maio de 2016

Jornal O Liberal, 27 de maio de 2016



Jornal O Liberal, 27 de maio de 2016


Diário do Pará, 27 de maio de 2016



Além disso, segue um resumo do que eu ouvi hoje no Jornal Liberal 1a edição sobre as inundações de ontem/hoje em Belém:

"No próximo bloco voltamos a falar dos prejuízos causados pela chuva" - Cobertura do efeito em detrimento das causas.
"O lixo e os bueiros entupidos causaram o alagamento" - Culpabilização da população; nenhuma menção à falta de manutenção técnica nos canais da Bacia do Una há mais de 10 anos.
"Fomos atrás de explicações do porquê de tanta chuva com o InMetro" - Redução das inundações ao resultado de um fenômeno natural; justificativa baseada na excepcionalidade da chuva; despotilização das inundações.
"Os moradores tem que estar preparados para esse tipo de situação" - Sem comentários.


Esta é a cobertura padrão dos telejornais da capital a respeito dos episódios de alagamentos e inundações na cidade. Resta saber se esta cobertura é apenas equivocada ou realmente proposital.




Em 2016 a Bacia do Una continua a sofrer com inundações

Por Alexandre Costa, morador prejudicado da Bacia do Una.


           Ontem (26/05) e hoje (27/05) Belém e a Bacia do Una ficaram sob a água. Ruas alagaram e canais transbordaram, chamando a atenção da grande mídia para um problema que acontece ano após ano nas áreas de topografia mais baixa da cidade.

        Sobre os últimos acontecimentos, é necessário dizer que significativa parcela da população de Belém precisa se apropriar do fato de que os estragos ocorridos ontem quinta-feira dia 26 de maio de 2016, nos 20 bairros que constituem a Bacia do Una é o resultado de vários fatores.

         Sendo que o principal, é a falta de manutenção e conservação técnica do conjunto de obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, que é agrupado em três grandes sistemas: saneamento, viário e macrodrenagem (17 canais, 6 galerias e 2 comportas).


         Tal manutenção e conservação técnica, estão previstas nos:

1) Manual de Operação e Manutenção do Sistema de Esgoto Sanitário e Água Potável da Bacia do Una, agosto de 2001;

2) Manual de Operação e Manutenção de Drenagem, Vias e Obras de Arte Especiais da Bacia do Una - Volumes I e II, maio de 2002 e

3) Manual de Operação e Manutenção das Comportas do Una e Jacaré.

         Fato que inclusive, é o objeto da Ação Civil Pública Ambiental em tramitação desde o dia 16 de abril de 2008 na segunda Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, que foi ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Pará - MPE, através da terceira Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo de Belém.

         Nessa Ação Civil Púbica, a Prefeitura Municipal de Belém, a Companhia de Saneamento do Pará - COSANPA e o próprio Estado do Pará, além de responderem pela falta de continuidade de inúmeras obras complementares de microdrenagem que ficaram pendentes espalhadas pelas 7 Sub-bacias, respondem ainda, pela "Obrigação de Fazer" a manutenção técnica do referido conjunto de obras do Projeto, justamente com a utilização dos equipamentos, maquinários e veículos (sumitrados do Acervo Físico Patrimonial do Município de Belém, desde o ano de 2006), em observância as normas estabelecidas nos referidos manuais tecnicos!



Registro fotográfico feito por um morador dos arredores do Canal do Galo, Travessa Antônio Baena entre as Avenidas Pedro Miranda e Marquês de Herval. Os alagamentos e inundações dos dias 26 e 27 de maio chamaram a atenção do grande público. No entanto, estre trecho do Canal do Galo já vinha transbordando desde a semana anterior. 




segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

FMPBU é mencionada em artigo internacional

Em um excelente artigo publicado recentemente, o antropólogo Eduardo Brondízio discute a invisibilidade das cidades amazônicas em meio às discussões sobre meio ambiente na região. Para o professor da Universidade de Indiana (EUA), as cidades deveriam ocupar papel central nestes debates, tendo em vista os preocupantes índices de saneamento em capitais como Belém e Macapá e a poluição de igarapés e rios urbanos.

Em uma das passagens mais interessantes do artigo, o autor aponta que práticas destrutivas do meio ambiente urbano se baseiam na ilusão de que as águas amazônicas podem absorver e diluir toda sorte de esgotamento, o que oferece ao poder público a desculpa perfeita para não lidar com o problema do esgoto sanitário em cidades como Belém.

O artigo conta com dados construídos pela pesquisadora Andressa Vianna Mansur orientanda do Professor Eduardo Brondízio e estudante de doutorado na Universidade de Indiana. Andressa passou uma temporada em Belém observando efeitos de mudanças climáticas e as condições de vida de habitantes da Bacia do Una e outras localidades. Durante este período, Andressa e a Frente dos Moradores da Bacia do Una trocaram experiências e se ajudaram mutuamente, o que resultou em uma relação de parceria e amizade que ainda perdura.


Mapa do saneamento em Belém: esgotamento sanitário (2000-2010).
Pruduzido por Andressa V. Mansur a partir de dados do IBGE.



O artigo do Professor Eduardo Brondízio é o primeiro produto dessa parceria. Nele há registros fotográficos produzidos por membros da FMPBU e referência expressa à Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una como um dos únicos movimentos sociais que lutam pelo saneamento básico e pelo bem-estar ambiental no mundo urbano amazônico.

O link para o artigo encontra-se logo abaixo:

Clique neste link para ler o artigo 




A FMPBU agradece aos amigos Andressa e Raúl e ao Professor Eduardo Brondízio.

Sobre risco e falta de segurança nos canais

Trecho do Canal São Joaquim, Bacia do Una

 Uma criança foi encontrada afogada em um dos canais da Bacia do Tucunduba. Davi  Santos Frasão, de seis anos de idade, caiu no Canal da Vileta e ficou desaparecido até que seu corpo foi encontrado por um funcionário da prefeitura. A notícia é relativamente antiga (dezembro de 2015), mas ainda repercute nas redes sociais e entre grupos que discutem saneamento e reforma urbana. A reportagem está disponível no link abaixo.

Clique aqui para ler a notícia


Lamentamos a dor da família que perdeu uma criança dessa maneira. Infelizmente, este não foi um caso isolado. Com relação ao incidente da morte do menino no Canal da Vilela, no bairro do Marco (Bacia do Tucunduba), quero ressaltar outro incidente parecido, que foi uma fatalidade ocorrida com outro menino no dia 24 de outubro de 2015 no Canal São Joaquim no bairro do Barreiro (Bacia do Una). Notícia disponível no link abaixo.

Clique aqui para ler a notícia


Ressaltamos que o Canal São Joaquim é a calha principal da Bacia do Una. Sua largura foi equacionada pelo Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, em 90 metros, obedecendo assim aos cálculos da engenharia para a eficiente vazão do sistema de drenagem da referida bacia.

            O fato é que, com a falta de responsabilidade aos compromissos assumidos pela Prefeitura (durante a gestão do Prefeito Duciomar Gomes da Costa) para a manutenção e conservação das obras do Projeto de Macrodrenagem, o Canal São Joaquim perdeu sua capacidade de vazão, justamente pela falta das dragagens periódicas previstas no Manual de Operação e Manutenção de Drenagem, Vias e Obras de Arte Especiais da Bacia do Una - Volume I, Maio de 2002.
            Paralelamente a esse fato, o Prefeito Duciomar Gomes da Costa, deu "sumiço" nos equipamentos, maquinários e veículos avaliados em R$ 21.977.619,75 que foram adquiridos pelo Estado do Pará com os recursos do financiamento firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID (capital estrangeiro) e, repassados para a Prefeitura de Belém no dia 02 de janeiro de 2005, para a única e tão-semente manutenção e conservação do conjunto de obras do referido Projeto.
            No período de 2011 a 2013, através da Comissão Temporária Externa da Assembléia Legislativa do Estado do Pará - ALEPA, instituída para investigar as denúncias de alagamentos, as irregularidades e omissões na Bacia do Una, após a "conclusão" do Projeto de Macrodrenagem, foi constatado que o Vereador Miguel de Jesus Pantoja Rodrigues, além de ter construído uma ponte de madeira dentro do Canal São Joaquim, obteve licença de órgãos da Prefeitura para construir de forma irregular uma quadra de futebol sobre um gigantesco assoreamento que se formou sobre o talude da marginal esquerda daquele canal, nas proximidades da Passagem Estélio Maroja.
            Contraditoriamente no ano de 2013, o Vereador Miguel de Jesus Pantoja Rodrigues, foi desiguinado Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI da Câmara Municipal de Belém - CMB, instituída para averiguar os indícios de irregularidades acerca dos equipamentos, maquinários e veículos, destinados à manutenção e conservação do conjunto de obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, que é agrupado em três grandes sistemas: saneamento, viário e macrodrenagem (17 canais, 6 galerias e 2 comportas). Esta CPI até hoje não deu uma satisfação exemplar para os munícipes de Belém acerca do real paradeiro de tais equipamentos,  maquinários e veículos!
            Na reportagem exibida pela TV Liberal sobre a morte do menino Anderson Henrique no Canal São Joaquim, não foi sequer abordada a questão da construção irregular da referida quadra. Construção irregular que, além de diminuir a vazão do canal, oferece riscos à vida de crianças e adolescentes. Assim como na Vileta, onde uma criança caiu dentro do canal, a quadra construída dentro do Canal São Joaquim não oferece proteção e segurança para aqueles que utilizam diariamente aquele espaço.
            O problema se repete ao longo da Bacia do Una, onde guarda-corpos (muretas de proteção das margens dos canais) estão quebrados e pontes avariadas. Às vezes esses problemas ganham espaço nas manchetes de jornais impressos e televisivos. No entanto, não há referência a estes guarda-corpos e pontes como parte de um conjunto de obras que forma um sistema. Trata-se do sistema de macrodrenagem da Bacia do Una, o qual não tem manutenção desde dezembro de 2004, quando o Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una foi dado como concluído.

            Sem os equipamentos adequados para sua manutenção, o conjunto de obras da Bacia do Una segue abandonado pelo poder público. Muitos moradores tem investido seus próprios recursos na reconstrução das barreiras que separam a rua do sistema de drenagem. Quando há alagamentos e inundações – o que não é raro – as muretas e guarda-corpos muitas vezes são as únicas referências espaciais sobre onde termina a rua e onde começa o canal. A rua estando ou não alagada, canais e guarda-corpos depredados representam perigo para a vida de moradores. Permanece o risco de queda nos canais que resulta no contato com águas contaminadas e no afogamento de pessoas mais vulneráveis como idosos e crianças.