sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

FMPBU se reúne pela primeira vez com a nova coordenação do PROMABEN

    Na última quarta-feira de cinzas, dia 17 de fevereiro de 2021 às 14:30, membros da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una  (FMPBU) tiveram sua primeira reunião com representantes da nova gestão municipal. O encontro ocorreu - seguindo os protocolos de saúde necessários - na sede da Unidade Coordenadora do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (UCP-PROMABEN). Representando a sociedade civil organizada, estiveram presentes na ocasião a já citada FMPBU, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Pará (STIUPA) e sua assessoria jurídica, além do Programa da Apoio à Reforma Urbana da Universidade Federal do Pará (PARU/UFPA). Por parte da Prefeitura Municipal estiveram presentes Rodrigo Silvano Silva Rodrigues, coordenador geral do PROMABEN, Victoria Veras Costa Pinheiro, coordenadora adjunta do PROMABEN e Benedito de Oliveira Costa, assessor comunitário da referida instituição.




    A razão da visita de moradores da Bacia do Una à sede do PROMABEN, um programa de outra bacia hidrográfica se justifica pelo fato de que desde 2014 obras de reabilitação da Bacia do Una vêm sendo negociadas com a Prefeitura Municipal de Belém com intermédio do Ministério Público Estadual e do Poder Judiciário. A interveniência das referidas instâncias junto à prefeitura se deu em função de denúncias realizadas por moradores prejudicados por alagamentos e inundações na Bacia do Una após o encerramento das obras do Projeto de Macrodrenagem. Os moradores chamavam atenção sobre a falta de conservação e manutenção das obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, que estão agrupadas em três grandes sistemas: o de Saneamento (esgotamento sanitário e abastecimento de água), o Viário e o de Macrodrenagem (17 canais, 6 galerias e 2 comportas). Os mesmos moradores também alertavam sobre a necessidade de realização de obras que haviam ficado pendentes após declarada a conclusão do projeto em 2004 pelo poder público executivo estadual. Essas denúncias, inclusive, deram origem a uma Ação Civil Pública Ambiental (Processo nº 0014371-32.2008.814.0301) contra a Prefeitura Municipal de Belém, o Governo do Estado do Pará e a COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará). 

    Em 2014 o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) aprovou um empréstimo para a Prefeitura de Belém no valor de 125 milhões de dólares para realização da segunda etapa do Programa de Saneamento da Estrada Nova, o PROMABEN II. Devido à pressão popular exercida por meio dos órgãos do Sistema de Justiça, a prefeitura incluiu a reabilitação das obras do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una no escopo dos trabalhos do PROMABEN II. Assim, devido à impossibilidade de obter financiamento para obras que já estavam concluídas - o caso do Projeto Una - a prefeitura alocou parte do recurso do PROMABEN II (cerca de 45 milhões de dólares) para obras de reabilitação do Projeto Una. Entretanto, técnicos que trabalharam no Projeto Una afirmam que este recurso é insuficiente para as obras de reabilitação necessárias. As administrações anteriores também nunca apresentaram um projeto executivo que justificasse o manejo dos 45 milhões de dólares do PROMABEN II para a reabilitação de obras na Bacia do Una.

    Na reunião de 17 de fevereiro de 2021, os coodenadores do PROMABEN levaram ao conhecimento dos presentes que o recurso para a Bacia do Una, especificamente, encontra-se bloqueado pelo BID. A próxima reunião com o órgão financiador será em abril de 2021. Até lá a nova gestão do município deve obedecer às condicionantes do empréstimo impostas pelo banco e elaborar um projeto executivo de obras para a Bacia do Una. Segundo os representantes da prefeitura, as providências quanto aos processos de licitação de obras já foram tomadas.

    Ao final da reunião, os coordenadores do PROMABEN insistiram que fosse criado um canal de diálogo permanente entre os moradores da Bacia do Una e a UCP-PROMABEN. De fato, desde sua formação em 2011, este foi o primeiro contato direto e espontâneo entre a FMPBU e representantes do poder executivo municipal. Durante as gestões anteriores as tentativas de diálogo com a Prefeitura de Belém eram sempre provocadas - em sua maior parte - pelo Ministério Público Estadual na forma de reuniões extrajudiciais ou audiências públicas. Nesse sentido, é possível afirmar que algum nível de interlocução com a gestão municipal até 2020 só ocorreu em virtude da judicialização das lutas sociais na Bacia do Una. 

    A reunião tornou evidentes as diferenças - tanto em termos técnicos, quanto do ponto de vista ideológico - do modelo de gestão da nova administração do município. No entanto, esta segue sujeita a muitas limitações das gestões anteriores (e das prefeituras no Brasil em geral) como, por exemplo, a dependência de financiamento externo para execução de grandes obras, a necessidade de atender aos condicionantes desses financiamentos e o baixo grau de solvência do município. Nesse contexto, os méritos da nova gestão, se existirem, precisam se sobressair. Reconhecer a legitimidade da sociedade civil organizada e de suas demandas é um bom começo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

No apagar das luzes de 2020: desdobramentos da judicialização das lutas sociais na Bacia do Una

          O ano de 2020 foi marcado por grandes inundações e abandono das políticas de saneamento na Bacia do Una e em Belém. Se isso não difere 2020 dos anos anteriores, este ano teve um duplo diferencial. Em março a prefeitura de Belém e o Governo do Pará decretaram est ado de emergência devido à extensão das inundações e alagamentos em Belém, fato até então inédito na capital paraense. O ano de 2020 também ficará lembrado como o do início da pandemia global de Covid-19, doença provocada pelo vírus Sars-Cov-2. Como foi discutido em um post anterior, a situação de pandemia exacerbou os problemas resultantes da falta de saneamento em Belém, potencializando de forma conjunta os riscos de contágio do Covid-19 e os impactos dos alagamentos e inundações.

        Abaixo, alguns registros realizados por moradores da Bacia do Una sobre a situação das obras do Projeto Una e seus impactos socioambientais no ano de 2020 e início de 2021.


       No início de março de 2020 foi registrada esta inundação por transbordamento do Canal do Galo na Vila Maria de Fátima, localizada na Avenida Pedro Miranda entre a Travessa Curuzu e a Travessa Antônio Baena (marginal direita do Canal do Galo) e , Bairro da Pedreira, Sub-bacia IV do Projeto Una.

       Também circularam nas redes sociais registros e depoimentos de moradores indignados sobre as omissões do poder público e suas condições de vida em meio à pandemia. É o caso do vídeo acima, que documentou inundação provocada pelo transbordamento do Canal do Galo ocorrida às 10 horas e 50 minutos de um sábado dia 07 de março de 2020, na Travessa Curuzu esquina da Avenida Antônio Everdosa no bairro da Pedreira em Belém do Pará, Sub-bacia IV do Projeto Una.


    O registro fotográfico acima data de 24 de julho de 2020 e mostra uma escavadeira Dragline (guindaste padrão sobre esteira) de propriedade da empresa Sólida Construções Ltda, posicionada na pista da marginal direita do Canal 3 de Maio, localizado na Travessa 3 de Maio no perímetro compreendido entre a Rua Diogo Móia e a Avenida Marquês de Herval, na confluência dos bairros de Fátima, Pedreira e Umarizal, Sub-bacia I do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una. Durante o ano de 2020, moradores avistaram equipamentos como esses a realizar manutenção nas obras do Projeto Una. Isso não impediu, no entanto, que ocorressem repetidas inundações no mesmo ano, agravando ainda mais as condições sanitárias e de saúde provocadas pelo novo corona vírus. Quando a imagem circulou pelas redes sociais, um técnico que trabalhou na execução das obras do Projeto Una declarou que este equipamento é inadequado para o trabalho realizado. Segundo as palavras do técnico: "escavadeira sobre esteiras não é indicada para a manutenção dos canais porque destrói o pavimento. Na época do Projeto Una dimensionamos, adquirimos e repassamos à PMB escavadeiras sobre pneus".

      No decorrer do ano, inundações por transbordamento de canais prosseguiram na Bacia do Una, como mostra este registro de 04 de novembro de 2020 sobre a inundação na Rua João Balbi, entre a Travessa 9 de Janeiro e Passagem Professora Antônia Nunes, causada pelo transbordamento do Canal Antônia Nunes. Este canal foi incluído durante a fase de execução do Projeto Una e não sofreu intervenção das obras da Macrodrenagem da Bacia do Una.

     Em 2021 inundações continuam a ocorrer na Bacia do Una, conforme registrado em 24 de janeiro quando houve transbordamento do Canal do Galo. O vídeo acima foi produzido às 16 horas e 10 minutos de um domingo na Vila Freitas, localizada na Travessa Antônio Baena entre a Avenida Marquês de Herval e a Avenida Pedro Miranda no bairro da Pedreira em Belém do Pará, Sub-bacia I do Projeto Una. A FMPBU continua chamando atenção para o fato de que essas inundações ocorrem por conta da não observância por parte da Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN), às normas técnicas  especificadas no Manual de Operação e Manutenção de Drenagem, Vias e Obras de Arte Especiais da Bacia do Una - Volume I e II, maio de 2002.


        Entre os impactos da pandemia sobre as condições de vida na Bacia do Una, esteve a paralisação das atividades de mobilização política e comunitária. Durante o período, houve adoecimento e óbito de moradores. Quem pôde manter o distanciamento e o isolamento social, assim o fez. Também foi paralisado o diálogo com órgãos públicos, incluindo os do Sistema de Justiça. Foi o caso, por exemplo, da reunião agendada com a Defensoria Pública para o dia 18 de março de 2020, que foi cancelada no mesmo dia quando o órgão suspendeu suas atividades devido à pandemia. Em outras palavras, os moradores da Bacia do Una precisaram se manter ausentes dos seus espaços de luta e de representação enquanto seus direitos continuaram a ser violados.

      A pandemia prosseguiu, assim como os alagamentos e inundações na Bacia do Una e em Belém como um todo. No plano institucional, as questões relativas à judicialização de políticas públicas na Bacia do Una ficaram inativas até 25 de novembro, quando o Juiz de Direito da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas se pronunciou em um novo despacho relativo à Ação Civil Pública Ambiental (Processo nº 0014371-32.2008.8.14.0301) ajuizada pelo Ministério Público em 2008. No despacho, o Juiz convoca as partes no processo para uma audiência de conciliação a ser realizada em formato virtual no dia 15 de dezembro de 2020.

     O despacho também garantiu que as partes reunissem novas informações ou documentos referentes à situação objeto da Ação Civil Pública Ambiental, isto é, a obrigação de fazer a manutenção e conservação – de acordo com os manuais técnicos apontados na petição inicial do Processo – do conjunto de obras do Projeto Una e a realização de obras de microdrenagem que ficaram pendentes após a conclusão do referido projeto. Entre as novas informações e documentos reunidos estiveram os registros realizados pelos moradores sobre suas condições de vida marcadas pela ausência de políticas públicas de saneamento no ano de 2020, o que inclui inundações, alagamentos, falta de esgotamento sanitário e deterioração das obras de macrodrenagem realizadas pelo Projeto Una.

        Nos dias 04 e 11 de dezembro foram realizadas visitas de campo em canais e logradouros da Bacia do Una para construir um registro fotográfico atualizado da situação das obras (ou de sua ausência) do Projeto de Macrodrenagem Bacia do Una. Parte do registro que segue abaixo foi anexado aos autos do processo com o objetivo de subsidiar a decisão judicial em andamento.



      As duas imagens acima foram capturadas em 04 de dezembro de 2020, às margens do Canal São Joaquim, nas proximidades da Avenida Júlio César, Bairro da Maracangalha, Sub-bacia V do Projeto Una. Observa-se que houve retirada de vegetação do talude do canal. Porém, há ilhas formadas por assoreamento surgindo sobre o leito do curso d'água, o que reduz a capacidade de armazenamento de água daquela que é a principal calha da Bacia do Una.


   No Canal São Joaquim, ainda se observa a presença de uma quadra poliesportiva construída sobre gigantesco assoreamento acumulado sobre o talude da marginal esquerda (considerando o sentido da vazão do curso d'água) na esquina com a Passagem Stélio Maroja, Bairro do Barreiro, Sub-Bacia V do Projeto Una. A imagem foi registrada em 04 de dezembro de 2020.


     Na convergência entre o Canal do Galo e o Canal São Joaquim, bairro do Barreiro, Sub-bacia V do Projeto Una, é possível avistar o Canal do Una, projetado como um grande reservatório de águas pluviais e servidas antes das Comportas do Una e do Jacaré, o último obstáculo entre o sistema de macrodrenagem da Bacia do Una e as águas da Baía do Guarajá. A imagem acima mostra o assoreamento deste importante reservatório, o que tem impacto direto sobre sua capacidade de armazenamento da drenagem urbana. A foto foi capturada em 04 de dezembro de 2020. 



         As duas fotos acima mostram o grau de assoreamento do Canal do Galo na Travessa Antônio Baena entre as Avenidas Marquês de Herval e Pedro Miranda, Bairro da Pedreira, Sub-bacia I do Projeto Una. Assim como no Canal São Joaquim, observa-se que houve manutenção nos taludes com a retirada de vegetação e de excesso de terra que avançava sobre a água. No entanto, o leito do canal ainda permanece assoreado, sendo perceptível a falta de profundidade do curso d'água. Nota-se no canto superior direito da segunda foto que o sistema de drenagem está parcialmente obstruído pelo assoreamento.


       Também na Sub-bacia I do Projeto Una, na confluência entre os Bairros da Pedreira e Fátima, nota-se o assoreamento e presença de vegetação ostentiva no Canal da Visconde de Inhaúma. Trata-se do trecho em que este canal recebe as águas da galeria subterrânea da Travessa Antônio Baena, também assoreada e parcialmente obstruída, com sua vazão prejudicada. A imagem foi capturada em 11 de dezembro de 2020.


         Acima, a Vila Santa Terezinha - localizada na Travessa Nove de Janeiro entre Domingos Marreiro e Antônio Barreto, Bairro do Umarizal, Sub-bacia I do Projeto Una - é uma das inúmeras pendências de microdrenagem deixadas pelo Projeto Una após sua conclusão. Pendências de microdrenagem são logradouros que não receberam equipamentos de drenagem superficial (canaletas, meio-fio, bocas de lobo, poços de visita), terraplenagem e pavimentação. Muitas vezes esses locais também possuem um sistema de esgoto deficitário, como é o caso da Vila Santa Terezinha. Na foto acima, aparece uma fossa séptica coletiva implementada pelo Projeto Una, que segundo os moradores do local não atende todas as residências do referido logradouro. Como mostra a foto inferior, no interior da Vila os moradores são levados a construir um sistema de esgoto improvisado.


         No bairro do Umarizal também foi registrado em 11 de dezembro de 2020 o comprometimento das estruturas do Canal Antônia Nunes (Sub-bacia I do Projeto Una), entre a Avenida Governador José Malcher e a Rua João Balbi. Ao longo de toda a extensão do canal se observou assoreamento e o estado precário das vigas que sustentam o canal, bem como o desprendimento dos blocos de concreto do seu talude retangular, além da presença de material proveniente de esgotamento sanitário. Há poucas quadras dali, no Bairro de São Brás, Sub-bacia I do Projeto Una, se encontra a Galeria Honorato Filgueiras, que se transforma em canal de mesmo nome. Abaixo, o aspecto da galeria também assoreada, parcialmente obstruída e com suas estruturas comprometidas.


Além de compor os autos do processo constando no manifesto do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Pará (STIUPA), habilitado como amicus curiae, o registro fotográfico - quando exporto nesse blog - também passa a compor parte do acervo imagético online da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una (FMPBU), ficando disponível para o público em geral.

Sobre a audiência conciliatória do dia 15 de dezembro de 2020, esta foi realizada e gravada por um aplicativo online e estiveram presentes o Juiz  da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas, a Ordem dos Advogados do Brasil seção Pará (amicus curiae), a Defensoria Pública do Estado do Pará (litis consorte), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Pará (amicus curiae), além dos réus do processo: a COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará) e a prefeitura representada por dois órgãos – o PROMABEN II (Programa de Macrodrenagem da Estrada Nova em sua segunda etapa) e a SESAN (Secretaria Municipal de Saneamento).

Em 2011 o juiz então responsável pelo processo havia se manifestado a favor de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre as partes, uma espécie de acordo extrajudicial que vinha sendo intermediado pelo Ministério Público Estadual desde então. Em contraste, o posicionamento do novo juiz que assumiu o processo é trabalhar em uma sentença para o que foi judicializado na Ação Civil Pública em 2008. No entanto, esse encaminhamento apresenta ressalvas: como foi dito pelo juiz na audiência: “a sentença precisa estar mais próxima da realidade do momento, e não de quando a ação foi proposta”.

Na prática, isso pode significar a flexibilização das obrigações de fazer presentes na petição inicial da Ação Civil Pública, problema que já vinha sendo observado nas negociações do TAC. Por outro lado, adequar a sentença à realidade de 2021 também implica considerar que a Bacia do Una já não é a mesma de 2008 após mais de uma década de abandono e de impactos pela falta de manutenção de suas obras e por inundações. Como fica evidente no registro fotográfico apresentado, as omissões do poder público ao longo do tempo aumentaram a extensão dos problemas, deterioraram os equipamentos implementados pelo Projeto Una, pioraram as condições de vida da população atingida e criaram novas necessidades que devem ser solucionados em uma sentença coerente com a “realidade do momento”.

Na audiência também foi questionado o que foi realizado pela prefeitura desde a contratação do empréstimo de 45 milhões de dólares junto ao BID que ocorreu em 2017. Este recurso, inicialmente destinado à segunda etapa do Projeto de Macrodrenagem da Estrada Nova, também seria utilizado na reabilitação das obras da Bacoa do Una. A funcionária representante do PROMABEN II - unidade responsável pela execução das obras na Bacia do Una - respondeu que o projeto ainda está na fase de licitação e a prefeitura está buscando se adequar às normativas do financiador. Falou ainda ainda não há um projeto executivo das obras, o que explica em parte a nebulosidade com que a prefeitura se refere ao que de fato consiste a "reabilitação" da Bacia do Una. Nesse sentido, não houve novidade em relação ao que foi dito na audiência pública de 17 de dezembro de 2018, na sede do Ministério Público Estadual, como foi relatado em um post anterior.

A representante do PROMABEN II demonstrou preocupação ao falar sobre esses trâmites, pois o projeto corre contra o tempo. Em abril, ela afirmou, haverá nova reunião com o BID e o programa corre o risco de perder financiamento se não tiver um projeto executivo pronto para ser licitado. O contexto da troca na administração municipal também é um agravente. Naquele momento (dezembro de 2020), a funcionária acreditava que o novo prefeito, Edmilson Rodrigues, nomearia sua comissão de licitação apenas em janeiro. No início de fevereiro, o portal da prefeitura noticiou que o PROMABEN II estava sendo reavaliado e que o prefeito estivera em reunião com assessores comunitários e técnicos do projeto em 03 de fevereiro de 2021.

A mudança no Juiz de Direito encarregado do processo e o recomeço das negociações com os réus (COSANPA, Governo do Estado e Prefeitura) representa a repetição de um ciclo que ocorre desde a judicialização do processo em 2008. Por isso, a judicialização do problema deve ser vista como um meio e não como fim. A experiência até agora tem mostrado que resultados mais satisfatórios ocorrem quando há pressão dos dois lados: na arena jurídica sobre os órgãos do sistema de justiça na arena política sobre o poder executivo.



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